domingo, 25 de agosto de 2013

Terror ao volante...o que acontece conosco?

Artigo do The Guardian.com -http://www.theguardian.com/science/head-quarters/2013/aug/19/driving-road-neuroscience-psychology?CMP=OTCNETTXT8115

1. Nós não conseguimos perceber quando estamos sendo agressivos - ou  não nos importamos 
Todos nós já tivemos a experiência de um veículo  aproximando-se em nosso retrovisor e  colando  no pára-choque . Muitos de nós também "furamos a fila  ou cortamos  o caminho" intimidando outras pessoas de maneira que não sonharíamos fazer em uma situação face-a-face, como  numa fila num banco por exemplo. Pesquisas mostram que os motoristas jovens que pontuam mais alto em pesquisas de personalidade no que diz respeito a busca de sensações e impulsividade são mais propensos a se comportar de forma agressiva ao volante. O que também é interessante é que esses motoristas mostram menor sensibilidade à punição. Isto significa que as medidas punitivas simples não são susceptíveis de impedir manobras arriscadas e  anti-sociais em estradas, avenidas e ruas.


2. Acreditamos estar mais seguros dentro de um veículo...
Uma vez que tenhamos aprendido a dirigir logo isso torna-se uma tarefa automática. Com o tempo aprendemos a prever as ações de outros motoristas, que podem nos levar à ilusão de que podemos controlá-los . Uma área em que as pessoas parecem particularmente propensas a erro está no julgamento de velocidade relativa: tendemos a superestimar quanto tempo podemos manter a velocidade mais alta e subestimar a distância de frenagem mínima . Os cálculos necessários para fazer estes julgamentos são altamente complexos e não vem naturalmente para nós.

3. Esquecemo-nos de que os outros motoristas também são gente ...
Quando alguém entra ou corta-nos na rua caminhando ou no caso do carrinho de compras atravessar nosso caminho, a reação mais comum é uma das partes pedir desculpas e seguir em frente. Mas ao dirigir, os quase-acidentes são muitas vezes encaradas com raiva instantânea - e, em casos mais extremos, vem a ira . A pesquisa mostra que os motoristas mais facilmente desumanizam outros motoristas e pedestres porque não vão interagir pessoalmente. Esta perda de inibição é semelhante à maneira como alguns de nós comportamo-nos em ambientes on line .

4. ... Ainda nos comportamos de forma mais agressiva para aqueles de "status inferior"
Um paradoxo interessante é que  estamos propensos a desumanizar os outros motoristas, de acordo com o status social. Décadas de pesquisa mostra que buzinando prolongadamente, agindo contra a lei de trânsito, e outros comportamentos agressivos são mais prováveis se o agressor acredita que ele é o mais importante motorista . O que é particularmente interessante é que estas decisões podem ser baseadas apenas nos veículos envolvidos, sem o conhecimento da pessoa atrás do volante: carros maiores, geralmente superarão carros menores e carros mais novos superarão os mais velhos.Motoristas de carros mais caros também são mais propensos a se comportar de forma mais agressiva com relação a carros mais comuns e antigos.






















       5. Acreditamos que podemos ver tudo o que acontece ao nosso redor ...
Nossos sentidos recebem muito mais informação do que podemos processar de uma só vez, o que faz com que os sistemas cerebrais de atenção, concentrem os recursos sobre os acontecimentos mais importantes. Na maioria das vezes deixamos de apreciar a enorme quantidade de informação que falta, e isso pode adicionar a uma falsa sensação de segurança na estrada . Se você não acreditar o quão falível sua atenção é, experimente estes testes simples concebidas pelo psicólogo Dan Simons , aqui e aqui . Os resultados irão chocar.

6. ... Mas também achamos que os outros motoristas não podem nos ver
Este é para todos os catadores de nariz e cera dos ouvidos. Não é realmente uma questão de segurança ( ou é? ), mas você sabe quem você é e, infelizmente,os outros motoristas também.

7. Nós atribuímos quase-acidentes à falta de capacidade em outros motoristas ...
Em geral, não levamos  em conta, por razões conjunturais, como, ou  a razão pela qual os outros motoristas puderam entrar no nosso caminho ou porque agiram perigosamente. Os psicólogos chamam isso o erro fundamental de atribuição - que tendem a atribuir os erros dos outros à sua personalidade ou capacidade (" que  idiota !" , "oh barbeiro!"), enquanto sempre estamos a desculpar os nossos próprios erros como situacional ("aquele pedaço de estrada é perigosa "," eu tive que dirigir tão rápido ou eu teria sido tarde ").

8. ..., Enquanto que ao mesmo tempo  sobrestimamos o nosso próprio conhecimento
Se você acha que você é um motorista altamente qualificado, as chances são altas de que você não é. Cerca de 80 a 90 % dos motoristas acreditam que tem capacidade acima da média, e quanto mais qualificados acreditamos que estamos em alguma coisa, menos provável é ser verdadeiro. Esta tendência para sermos cegos para nossa própria incompetência é chamado de efeito Dunning-Kruger .Claro, a vantagem é que se você acreditar que você é um péssimo motorista, você provavelmente não está tão ruim quanto você pensa.

9. Nós dirigimos mais imprudentemente quando estamos indo sozinhos
Em geral, dirigimos com menos cuidado e de forma mais agressiva quando estamos sozinhos do que quando temos passageiros. Não está claro por que isso acontece, ou se estamos conscientes dessa mudança em nosso comportamento.

10. Nós acreditamos que usar celular e dirigir é seguro. 
No Reino Unido, é ilegal usar um telefone celular enquanto estiver dirigindo, enquanto que tecnologias alternativas de " mãos-livres" são permitidos. Este é um grande exemplo da lei atrasada. As evidências mostram que o uso de um telefone "mãos-livres" é tão perigoso quanto um celular portátil. O que torna essas conversas telefônicas inseguras não é tanto o ato de segurar o telefone como se distrair com a conversa. A falta de linguagem corporal faz com que essas conversas especialmente as mais calorosas, obrigando-nos a destinar mais recursos cognitivos e  nos atrapalhem ao dirigir da estrada.

Dirigir é uma das tarefas mais complicadas que  nós realizamos em nossas vidas. O fato de que parece tão banal - e que há relativamente poucos acidentes - é um ponto positivo para estradas e ruas bem construídas, para a engenharia, a genialidade da sinalização de trânsito, e a sofisticação do cérebro humano. Ainda assim na próxima vez que você estiver ao volante e sentir-se irritado, frustrado ou ter uma comichão no nariz, pergunte-se se você não está se enquadrando numa das situações acima...