quinta-feira, 31 de março de 2011
Duas reservas que valem mais que todo o petróleo do mundo!
O Aquífero Alter do Chão é uma reserva de água subterrânea localizada sob os estados do Pará, Amapá e Amazônia.Abastece a totalidade de Santarém e quase a totalidade de Manaus através de poços profundos. Dados iniciais revelam que sua área é de 437,5 mil km2 com espessura de 545 metros.Pesquisadores da Universidade Federal do Pará desenvolvem estudos que podem revelar que o aquífero pode ser maior que o calculado inicialmente, passando inclusive a ser maior que o Aquifero Guarani. Com 86 mil quilômetros cúbicos, o aquifero poderia ser suficiente para abastecer em aproximadamente 100 vezes a população mundial.O Aquífero Guarani é a segunda maior reserva subterrânea de água doce do mundo.
O Alter do Chão ocupa uma pequena área em extensão mas um grande volume, reservando aproximadamente 85 mil Km³ de água contra apenas 55 mil Km³ do aquífero Guaraní.
A seguir entrevista com Andre Montenegro Duarte,graduado em Engenharia Civil Universidade Federal do Pará – UFPA. Na Universidad Politecnica de Valencia realizou o mestrado na área de Engenharia e, na UFPA, onde atualmente é professor, fez o doutorado em Geologia e Geoquímica, intitulado O Valor Econômico e Estratégico das Águas da Amazônia(entrevista realizada
pela IHU On-Line.André Montenegro Duarte – A água que está armazenada no Alter do Chão, com aproximadamente 84 quadrilhões de litros, duas vezes o volume do Aquífero Guarani, não será alterada por obras como uma barragem, hidrovia, pois está no subsolo. O que acontece em algumas obras com grandes áreas de desmatamento, é que provocam uma mudança no ciclo da água, que é o responsável pela recarga e manutenção do Aquífero ao longo desses milhões de anos. Em algum momento essa água será explorada, devido ao fato de ela tem um valor econômico muito grande, mas se não houver recarga, ficará insustentável. Então essas intervenções humanas causam problema não ao volume de água que está lá dentro, mas trazem a possibilidade de alterar o ciclo da água na região, prejudicando a manutenção do Aquífero.
Como já citei, Manaus, Santarém e outras pequenas localidades já são abastecidas com esta água; mas é um volume muito pequeno em relação ao potencial do Aquífero. Sabemos, porém, que a água potável é um bem que está se tornando cada vez mais raro e escasso, por isso está sendo agregado grande valor econômico ao Aquífero, que já desperta o interesse de empresas de grande porte de todo o mundo. Elas estão inclusive adquirindo áreas na região para fazerem a exploração no futuro. Potencialmente tem um mercado muito grande.
IHU On-Line – Mas há uma forma de preservar esse ciclo da água mesmo com a exploração?
André Montenegro Duarte – Nós estamos fazendo alguns estudos que são uma tentativa de gestão e utilização dessa água de forma estacional e inteligente dando valor para a ideia de “não uso”. Ou seja, uma parte seria utilizada e outra preservada. E a essa segunda parte também se agrega valor. Existem posturas teóricas que precisamos implementar para que consigamos implementar estas questões de forma mais pragmática.
IHU On-Line – O senhor pode nos explicar o que é o conceito de valor do “não uso”?
André Montenegro Duarte – Vou te dar um exemplo real: a floresta tem valor quando um madeireiro corta a madeira e a vende. Ela tem também um grande valor quando essa madeira permanece lá, ou seja, em pé. A floresta preservada pode ter um valor de “não uso” muito maior. Um desses valores está ligado ao sequestro de não uso do CO2, hoje já se consegue auferir receita ou valor econômico para a preservação daquele espaço através desse processo. Hoje, existem mercado de resgate de CO2 que possibilita o “não uso”.
A água também pode ter um valor de “não uso” agregado. O mais importante, nesse caso, é, principalmente, preservar o ciclo da água do que o reservatório em si. Para manter o Alter do Chão é preciso preservar o ciclo hidrológico e, para isso, é preciso ter um elemento compensatório.
Uma gigantesca reserva de água doce fica no subsolo da América do Sul: O aquífero Guarani.No Brasil ele se estende pr oito estados do Sul,Sudeste e Centro-Oeste.O Aquífero se espalha também pela Argentina,Uruguai e pelo Paraguai.
Nomeado em homenagem à tribo Guarani, possui um volume de aproximadamente 55 mil km³ e profundidade máxima por volta de 1 800 metros, com uma capacidade de recarregamento de aproximadamente 166 km³ ao ano por precipitação. É dito que esta vasta reserva subterrânea pode fornecer água potável ao mundo por duzentos anos. Devido a uma possível falta de água potável no planeta, que começaria em vinte anos, este recurso natural está rapidamente sendo politizado, tornando-se o controle do Aquífero Guarani cada vez mais controverso.
obs: alguns estudos dizem que na Austrália encontra-se o segundo maior aquífero.
Estende-se por 1,2 milhão de quilometros quadrados, o que equivale aos territórios da Inglaterra,França
e Espanha juntos.Tem 45 quatrilhões de litros de água...Tem água até 1800 metros de profundidade em
alguns pontos...
70% dele esta no Brasil,a Argentina tem 19% , o Paraguai tem 6% e o Uruguai tem 5%.
Ribeirão Preto em São Paulo é abastecida 100% por esta água...ÁGUA -Situação Mundial - HOJE
97,5% constitui-se de água salgada e apenas 2,5% em água doce
Do total do volume de água doce (34,6 milhões km³) do planeta, cerca de 30,2% (10,5 milhões de km³) pode ser utilizada para a vida vegetal e animal nas terras emersas, pois 69,8% encontram-se nas calotas polares, geleiras e solos gelados
Dos 10,5 milhões de km3 de água doce, cerca de 98,7% (10,34 milhões de km³), corresponde à parcela de água subterrânea, e apenas 92,2 mil km³ (0,9%) corresponde ao volume de água doce superficial (rios e lagos), diretamente disponível para as demandas humanas, que corresponde a 0, 008% do total de água no mundo.
A América do Sul e a Ásia concentram os maiores potenciais de recursos hídricos do mundo, com 12.379 e 11.727 km³/ano, respectivamente, seguidas pela América do Norte com 7.480 km³/ano e a Europa com 6.631 km³/ano (FAO, 2002a). Os menores potenciais encontram-se na África, Oceania e América Central (3.950, 1.711 e 781 km³/ano, respectivamente).