quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Felicidade Realista (Mário Quintana)


A princípio bastaria ter saúde, dinheiro e amor,o que já
é um pacote louvável, mas nossos desejos são ainda
mais complexos.

Não basta que a gente esteja sem febre:
queremos, além de saúde, ser magérrimos, sarados, irresistíveis.

Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o
cinema: queremos a piscina olímpica e uma temporada num spa cinco
estrelas.

E quanto ao amor? Ah , o amor... não basta termos alguém com
quem podemos conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando.
Isso é pensar pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo.

Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos ser
surpreendidos por declarações e presentes inesperados, queremos
jantar a luz de velas de segunda a domingo,
queremos sexo selvagem e diário, queremos ser felizes assim e não de
outro jeito.

É o que dá ver tanta televisão.
Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma realista.
Ter um parceiro constante pode ou não ser sinônimo de felicidade.
Você pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais,
feliz com um parceiro, feliz sem nenhum.
Não existe amor minúsculo, principalmente quando
se trata de amor-próprio.

Dinheiro é uma benção. Quem tem precisa aproveitá-lo , gastá-lo, usufruí-lo.
Não perder tempo juntando, juntando, juntando.
Apenas o suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado.
E se a gente tem pouco, é com este pouco que vai tentar segurar
a onda, buscando coisas que saiam de graça, como um pouco de humor,
um pouco de fé e um pouco de criatividade.
Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável.
Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato,
amar sem almejar o eterno.
Olhe para o relógio: hora de acordar.É importante pensar-se ao extremo,buscar
lá dentro o que nos mobiliza, instiga e conduz,
mas sem exigir-se desumanamente.

A vida não é um jogo onde só quem testa seus limites é o que leva o prêmio.
Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competividade. Se a meta está alta demais
reduza-a.

Se você não está de acordo com as regras, demita-se.
Invente seu próprio jogo.Faça o que for necessário para ser feliz.
Mas não esqueça que a felicidade é um sentimento simples,
você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade.Ela transmite paz e não
sentimentos fortes, que nos atormentam e

provocam inquietude no nosso coração.
Isso pode ser alegria,paixão, entusiasmo, mas não felicidade.